CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Pessimismo a Vista.

Hoje estão todos pessimistas com o Brasil continental. Por razões desagradáveis e demérito próprio, aqui estamos nós brasileiros novamente na capa da revista “The Economist”, uma das mais respeitadas expressões de análises financeiras do mundo, enfiados no atoleiro. Principalmente sobre a questão do pessimismo alheio. Também estamos pessimistas. Talvez mais do que eles em regra. E quem sabe, antes do que eles. Não estou aqui para vangloriar-me de ter emprestado nossa opinião sobre O Fim do Brasil com o prognóstico grau de gravidade e de antecedência ímpar em artigos anteriores. Aliás, passado não enche barriga, sem dúvida. Às favas com os escrúpulos de ontem. Devem ser todos afastados incondicionalmente, removidos às penitenciárias. Temos a penitência típica da criação jesuíta e cobro-me mais pelos erros do que pelos acertos. Retorno ao passado não é garantia de frutos futuros. Esse jogo se ganha em cada dia. A história serve apenas para auxiliar na preparação futura. Não existem heróis no mercado financeiro – fã declarado de Daniel Kahneman, em nosso entendimento o maior e mais nobre pensador ainda vivo, sabemos das tendências do retorno à média. Vale para todo mundo, sem exceções. Como dizia um clássico pensador moderno, “por favor não contem à minha mãe que eu trabalho com finanças; ela ainda acha que eu toco piano num bordel.” Miro para frente. E posso lhes assegurar: há algo muito ruim por vir. Pessimista? Talvez. Porém, muito além das questões eminentemente locais, filhas da “nova matriz econômica” ou, em belo português, dos erros da política econômica anterior a da nomeação de Joaquim Levy. Portanto, estão quase todos errados sobre o pessimismo com o Brasil. Não pelo prognóstico de dias difíceis à frente. Compartilho com essa visão. Mas pelas fundadas razões atribuídas ao ceticismo com o País, sobretudo, dos investimentos, credibilidade política, manobras contábeis, entre outros incrédulos procedimentos. Diferentemente do que narram os economistas vestidos de terno e gravata, que vestem-se bem apenas para disfarçar a falta de conteúdo, não se trata da extensão da mediocridade atroz caracterizada por PIB marginalmente negativo, inflação um pouco acima da meta, déficit em transações correntes e desequilíbrio das contas públicas. Também afasto comentar as reais tentativas de pseudointelectuais de leitores de rodapé de Nassim Taleb, que querem chamar atenção para os eventos de cauda não contemplados pelos prognósticos de consenso e então citam as obviedades do racionamento de energia/água, de eventuais desdobramentos mais pronunciados da operação Lava Jato e da instabilidade política. Todos esses são, de alguma medida, seguramente previsíveis logo, por definição, são cisnes cinzas – e não negros. O grande problema virá mesmo do desconhecido, de um grande choque que nos afetará quando estivermos mais frágeis. Refiro-me a uma visão de mundo, não a uma aposta particular neste ou naquele ativo. Assim, com as tempestades políticas, sobre as violentas ondas do mar vai ser um salve-se quem puder. E-mail: cos.schneider@gmail.com

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