CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Bons Tempos

O dia começava muito cedo. O leite tirado da vaquinha era tomado cru com alguns pingos de café que denominamos de “camargo”. O rabo da vaca amarrado nos estais do curral, tias e avós, peritas na ordenha os animais, pelo olhar matreiro das crianças e sabendo do que gostávamos, preparava o saboroso produto absolutamente natural. Nos dias de hoje, quanto mais hospitais, menos saúde; quanto mais escolas, menos professores; quanto mais fábricas, menos operários; quanto mais automóveis, menos estradas; quanto mais bancos, menos dinheiro no bolso das pessoas. Isto nos leva a crer sem pestanejar ou ainda, sem medo de errar, que a modernidade dos tempos, em vez de proporcionar bem-estar, empresta grandes intrigas e dores de cabeça a todos nós. Os filhos... Ora os filhos, tanto os pais, quanto os avós, diziam em que lugar sentar a mesa. Criança não tinha que escolher em razão da disciplina que passava no núcleo patriarcal na forma de educar. Sim, os pais e avós educavam. As escolhas ensinavam o que não é nenhuma novidade. Com a modernidade dos tempos, onde fomos parar? O que mudou? Professor ou professora ao adentrarem nas salas de aula, não tinha aluno que ficasse sentado. Receber os mestres do ensino de pé, era sinal de respeito e de valorização. Onde fomos parar nos dias de hoje, quando professores e professoras são atacados (as) em sala de aula desprotegidos inclusive pelos empregadores? As notícias várias andam a soltas alunas que agridem os educadores ou educadoras, pais que invadem salas de aula porque a professora ou o professor rodou algum aluno ou aluna por falta de estudar. Onde fomos parar? Os brinquedos eram produzidos a partir da imaginação de cada um. O carretel de linho, um pedaço de madeira com recorte nas extremidades era suficiente para emprestar imaginação na construção de algum veículo imaginário. Aros de ferro encaixados em taquaras rachadas ao meio era a onda da arte em não deixar cair com a menor velocidade. Joelhos esfolados, galhos de árvores quebradas pelos tombos e ninguém teve nenhum tipo de infecção ou morte em razão disso. Bons tempos... Boas práticas. As frutas hoje adquiridas em supermercados muitas em estado de decomposição a um preço absurdo é prática reiterada. A época, se sentava debaixo de uma parreira de uva, laranjeiras, bergamoteiras, romã serviam muitas vezes de farta refeição no café ou durante o dia, depois de levar a lenha cortada e rachada a braço firmo de alguns meninos de 8, 10, 12 anos sem que tivesse algum órgão do ECA ou do Ministério Público interferindo na educação dos pais. Ninguém se machucou. Bons tempos... Belas noites de sono profundo que eram acomodadas em colchão de palha de milho ou quando mais sofisticado em colchão de mola. O travesseiro fofo confeccionado com penas de aves, sobretudo, galinha reparava o sono. As nossas refeições sem agrotóxicos, eram colhidas das hortas junto às casas e, emprestavam sabor inigualável aos pratos deliciosos elaborados pelas nossas tias, avós preparadas em panela de ferro sobre o fogão ao lenha. Belos dias... que bela época. Os invernos intensos serviam por vezes para que a gurizada gelassem os pés numa pelada de futebol já pela manhã cedinho nos pátios das escolas. Tudo sob o olhar cauteloso e paternal de nossos mestres. A hora do recreio, um copo de leite, pão (sem bromato de potássio) com manteiga a partir do leite natural, eram a fonte saudável da gurizada crescer com ossos fortes, firmes com a prática de esportes quase diária. Hoje, é regra os pais não permitirem que crianças enfrentem o percurso entre a casa e a escola, sendo levados em seus luxuosos automóveis as escolas. Que época!! Professor ou professora era sinônimo de orgulho e honra. Os pais auxiliavam os filhos na formação da caligrafia comprometidos a dar o melhor a cada um para cobrar do professor também a manutenção destes hábitos. A memorização de leitura era prática reiterada quando nossos mestres esperavam que cada um dos alunos fosse ler um trecho de determinada leitura e em sala de aula repetí-la apenas a partir da memorização. Os tempos saudosos se foram... Não voltarão. Nossos avós, nossos pais, eram símbolo de referência aos seus filhos. A pergunta: em que momento da estação da vida, as coisas simples e saudáveis deram lugar as tecnologias, coisas complexas que nada mais fizeram que nos escravizar aos seus caprichos. Belos tempos... Triste realidade hoje. Será que somos felizes com esta realidade? E-mail:cos.schneider@gmail.com.