CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Brasil do Nordeste

São 23hs30min (00hs30min do dia 04.11.2010 na Região Sul) aqui em Alagoas onde aguardo o embarque no aeroporto de Zumbi dos Palmares em Maceió com destino à Aracaju no Estado de Sergipe. Em meio ao intervalo de espera e do embarque, aproveito a folga para registrar o retrato de outro Brasil. O Brasil dos Nordestinos. Povo que oferece aos seus visitantes, algumas das mais lindas praias deste país. Além delas, a região do sertão nordestino, na grande maioria das vezes, vendido pela Rede Globo ao país e mundo como se neste lugar só houvesse pobreza, quando em realidade emergiram no cerrado, lindíssimas residências de causar inveja a qualquer sulista.
Além dos fatos políticos, cuja eleição do Governador Teotônio do PSDB foi muito mais comemorado que a Eleição de Dilmar Roussef a Presidência da República, notei que na rede hoteleira e nas casas de prestação de serviços, as inequívocas músicas de Maria Bethânia, Gal Costa, Zé Ramalho, Ivete Sangalo, Gonzaguinha, artistas típicos Nordestinos. Causou-me certa alegria em ver aquele povo feliz com a presença da música regional. Povo que não se preocupa só em ganhar dinheiro, embora essencial para sobrevivência, mas em viver feliz. Por outro lado, despertou-me certa inveja, francamente. Aqui ninguém tem vergonha ser rotulado de nordestino, como sinônimo de miserável como alguns órgãos de imprensa tentam vender. E o gaúcho? Desprestigiado, ridicularizado inclusive pela emissora global através de seus artistas, continua sem reação. Porque não reage? Convenhamos, se confirma a máxima de que “quem cala consente”. A reação deveria partir já dos órgãos governamentais em defesa das culturas regionais como bem patrimonial. Cultura, tradição, história de um povo são garantias preservados como garantias e direitos fundamentais e sequer podem ser atacados, sob pena de severas conseqüências sociais. Mas é preciso agir com esperteza de forma implacável.
Será uma exposição da cultura nordestina supervalorizada? Nós, gringos, como somos chamados aqui, somos tão diferentes? Aqui no Nordeste, somos uma espécie de “estrangeiros” em terra particular. Focados no comércio do turismo, nem no artesanato existem os tradicionais produtos “made in paraguay” como se vê nos rodeios do Sul. A entidade possui pontos de exposições importantes a beira mar (Praia de Pajuçara) onde são oferecidas a mais diversas culturas de artesanato, produzidos na terra do cangaço e do baião.
A na rede de hotéis dos Pampas bem como os demais segmentos de serviços prestados no Sul, estariam sob forte pressão da mídia a fim de que o sulista adote outro comportamento senão a tradição de músicas regionalistas nordestina? O que fazem com nossa música gaúcha não se traduz em ato de covardia? Como se sentem nossos artistas de expressão cultural? Estariam as redes de hotéis, restaurantes desestimulados ou envergonhados de si mesmos ao exibir, sem limite de resistência, a nossa tradição?
O título da matéria até soa estranho se comparado a linha literária tradicional. Certa feita um titular da Academia Brasileira de Letras, lascou acintosamente em um de seus pronunciamentos de que as celebridades literárias estariam localizadas de São Paulo para cima e não para baixo. Sim, foi José Honório Rodrigues carioca, nascido na data farroupilha e falecido em 6 de abril de 1987, talvêz não soubesse a dimensão da repercussão de suas infelizes colocações e ofensa apontada contra o povo sulista. Por ter sido um dos mais importantes historiadores brasileiros do século XX, notabilizou-se, sobretudo, pelas suas publicações acerca da historiografia brasileira. Historiografia destemperando os grandes feitos gaúchos, muitos em defesa do interesse do estado brasileiro.
Razões nunca faltaram para que o Rio Grande do Sul buscasse se separar do Brasil, tendo em vista que a ofensa foi sempre em tom de gozação. O povo, se entende e muito bem. O assunto complica quando os dirigentes das entidades governaemntais permitem tais atos de vandalismo de discriminações, momento que chegamos ao limite da tolerância. E-mail: cos.schneider@gmail.com

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