CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Imposto sobre rodas

Nunca se falou tanto sobre pedágios como nesta campanha eleitoral de 2010, tanto para Governador do Estado quanto para o parlamento. As mais diversas promessas ecoaram nos ouvidos dos eleitores durante os três meses de campanha, restando apenas que sejam cumpridas as promessas, levando a efeito as pretensões políticas apresentadas durante os debates políticos.
Necessário destacar que grande número das rodovias brasileiras foram projetadas ainda no século passado, período em que a gasolina era barata, a carta de motorista era expedida sem muita burocracia e o número reduzido de veículos, até porque, pelo preço do carro, poucos eram os proprietários com automóvel na garagem.
Impressionante como os veículos automotores passaram a ser alvo de gravame na imposição de tributos. Muito mais impressionante ainda é a forma de como os governos emprestaram relevo à matéria, causando angustia e sofrimento aos proprietários de veículos automotores, fato que se transformou em esgotamento de muitas economias em razão da indústria de impostos sobre rodas.
No caso específico dos pedágios, a coisa fica ainda mais complexa tendo em vista que na década de 70 o então Ministro da Fazenda Antônio Delfim Neto, instituiu um fundo denominado hoje de CIDE, ou seja, a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico. Esta contribuição tem como base de cálculo, o litro de combustível abastecido pelos proprietários de veículos automotores cuja finalidade é específica: abrir, pavimentar, sinalizar e manter as rodovias de todo o país.
Esta legislação do país, contudo, sofreu profundas mudanças a partir da posse até o final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Além de contar com a generosa colaboração do então Governador do Estado do Rio Grande do Sul Antônio Brito no processo de privatização das rodovias, os recursos foram desviados para outras fins, transferindo para os usuários das rodovias, a responsabilidade pela manutenção tanto das estradas estaduais como as federais através implantação dos pólos de pedágio.
A Contribuição da CIDE passou a atender demandas corporativistas regionais, sendo que a grande maioria dos recursos foram e são desviados para as regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, restando para as regiões do Sul e Sudeste arcar com o custo Brasil.
O órgão responsável pela arrecadação da Cide é a Secretária da Receita Federal (SRF). Uma simples análise na página da Receita Federal permite conferir o valor arrecadado com a contribuição ano a ano. Em 2006, por exemplo, o valor arrecadado chega a R$ 7,918 bilhões. Esse valor tem crescido aos poucos desde 2002, quando a arrecadação chegou a R$ 7,241 bilhões — e teve picos durante a fase mais aguda da última crise do petróleo. Somado aos valores dos anos anteriores, totaliza o valor em torno de R$ 45 bilhões de arrecadação.
Diante desses números, não é necessário grande investigação, bastando breve exame do estado em que se encontram a nossa malha rodoviária e ferroviária e a infra-estrutura portuária hidroviária para que se evidencie o desvio de finalidade da Cide.
E-mail: cos.schneider@gmail.com

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