CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

domingo, 15 de setembro de 2013

A Pátria de Bombacha

Uma das poucas senão a única obra que retrata com fino detalhe as narrativas da Historia da Revolução Farroupilha é a de Alfredo Varella “A História da Grande Revolução” editada em 1933 cuja obra está totalmente disponível para download no endereço http://www.pampalivre.info/ Uma obra de 6 tomos da qual nos socorremos do tomo 3 para extrair uma das mais belas páginas da história deixada para os memoriais da história do verdadeiro povo da Pátria das Bombachas. Vivemos a cada ano o dia do festivo palanque gaúcho, ou seja, o 20 de setembro que se reveste da tez dos insurgentes cujas energias vibram ainda que se tenham passados mais de 168 anos de história republica no continente Sulista. É assim que descreve Alfredo Varella à página 219 a 221 de sua obra que neste momento histórico me permito compartilhar com todos, com a grafia original da época, face o processo de aculturamento do Riograndense na imposição dos ritmos dos pagodeiros. “Joaquim Pedro, o grave e austero dos primeiros soldados da liberdade na fronteira, deu a voz de apear, e, dispondo a força em quadro, passou ao centro, de onde, altisonante a bocca do guerreiro, se ouvia a leitura da seguinte proclamação: ‘ Bravos companheiros da 1ª Brigada de cavallaria. – Hontem obtivestes o mais completo triunpho sobre os escravos da corte do Rio-de-janeiro, a qual invejosa das vantagens locaes da nossa Provincia, faz derramar sem piedade o sangue de nossos compatriotas, para deste modo fazel-a presa de suas vistas ambiciosas. Miseraveis! Todas as vezes que seus vis satellites se têm apresentado diante das forças livres, têm succumbido, sem que este fatal desengano os faça desistir de seus planos infernaes”. Na mesma senda “São sem numero as injustiças feitas pelo governo. Seu despotismo é o mais atroz. E soffreremos calados tanto infâmia? Não, nossos compatriotas, os riograndenses, estão dispostos como nós, a não soffrer por mais tempo a prepotência de um governo tyrannico, arbitrário e cruel, como o actual. Em todos os ângulos da Provincia não soa outro ecco que o de INDEPENDÊNCIA, REPÚBLICA, LIBERDADE OU MORTE. Este ecco, magestoso que tão constantemente repetis como uma parte deste solo de homens livres, me faz declarar que proclamemos a nossa Independência provincial, para o que nos dão bastante direito nossos trabalhos pela Liberdade, e o triunpho que hontem obtivemos, sobre esses miseráveis escravos do poder absoluto”. Finaliza a proclamação “Camaradas” Nós que compomos a 1ª brigada do exército liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a Independencia desta Provincia, a qual fica desligada das demais do Imperio, e fórma um Estado livre e independente, com o título de República Riograndens, e cujo manifesto ás nações civilizadas, se fará competentemente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Riograndense! Viva a Independencia! Viva o exercito republicano riograndense! – Campo dos Menezes, 11 de setembro de 1836 – Antônio de Sousa Netto, coronel commandante da 1ª brigada”. Descreve Alfredo Varella dando conta de “vibrarem os ares abalados, muitos minutos, por enthusiasticas, unanimes acclamações, viva maneira com que a hoste de cidadãos armados manifestava o seu festivo e vehemente apoio á gloriosa iniciativa do bravo paladino e guia da Idea liberal! Assim aceita pela fração do exercito ali existente, a nova fórma de governo, procedeu-se a 12 a uma outra ceremonia; em que, de accordo com os estylos, se deu regular estabelecimento ao que firmava o rasgado voto do pugilo de livres a que as circumstancias conferiam a suprema representação da vontade soberana do povo da Provincia”. Nos anais da história ainda se faz relevante o que transcrito na ata do novo grêmio republicano face aos eventos ocorridos dia anterior. Consta no dito registro que no “dia 12 do mez de setembro do anno de 1836, no acampamento volante da costa do rio Jaguarão, achando-se a brigada em grande parada, estando presente o coronel commandante da mesma, Antonio de Sousa Netto, officiaes inferiores que subscreveram, por unanime vontade destes a da tropa dita, foi declarado que – a Provincia do Riogrande de ora em diante se constitue livre e independente, com o título de “República Riograndense”, não só por ter todas as faculdades para se apresentar entre as demais nações livres do universo, se não também obrigada pela prepotência do Rio-de-janeiro, que por tantas vezes tem destruído seus filhos, ora deprimindo sua honra, ora derramando seu sangue e finalmente desfalcando-a de suas rendas publicas. Por todos os motivos que se declararão em a próxima reunião da Assembléa nacional constituinte e legislativa, protestam ante o ser supremo do universo, não embainhar suas espadas, e derramar todo o seu sangue, antes que retroceder de seus principais políticos, proclamados em a presente declaração”. Neste dia 20 de setembro, data do gaúcho e da Pátria de Bombacha, cujo povo gaúcho continua sendo humilhado, não pelo Rio-de-janeiro, mas desta feita por Brasília e sofre calado. A missão de cultivar raízes em todas as matizes, é nossa missão histórica. Sejamos os caudilhos para não deixar aos nossos filhos a herança da Pampa pobre. E-mail: cos.schneider@gmail.com.

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