O Rio Grande do Sul, país dos gaúchos, comemora em setembro de cada ano, sua data mais importante desde a criação da Província de São Pedro. A história em realidade é um pouco diferente da contada em prosa e verso nos cantos e contos. Os fatos reais ocorridos no cenário de guerra foram alterados ao longo dos 174 anos que separam aquela peleia de lutas, brutas e feias com os dias de hoje.
O que era para ser um movimento social a fim de derrubar a Monarquia no Brasil, tornou-se evento na construção de uma nova República, independente, separada da comunhão brasileira. O desrespeito e os desmandos no Rio Grande, sob o comando do então Governador nomeado pelo Império Fernandes Braga, eram motivos gritantes a justificar a insurgência. “Serviram nossas façanhas de modelo a toda terra”.
Nos palcos das tempestades da Bacia do Prata, o Uruguai, até então anexado ao Rio Grande do Sul se declarou independente do jugo brasileiro e argentino a partir da Declaratória de Independência da Banda Oriental em 25 de agosto de 1825, aniquilando com a Província Cisplatina.
Os primeiros passos haviam sido dados na esperança dos gaúchos, que viviam na província de São Pedro acompanhar os feitos de seus co-irmãos platinos, diante da perversa política brasileira imposta aos gaúchos. A Ponte da Azenha em Porto Alegre, fez derrubar na noite do dia 19 de setembro de 1835, os primeiros pica-paus, como eram chamados os soldados monarquistas. No dia 20 de Setembro de 1835 foi a tomada do Palácio Piratini, pelos revolucionários farroupilhas comandados por Bento Gonçalves da Silva, Honófre Pires, José Gomes de Vasconcelos Jardim entre outros.
A Revolução Farroupilha, como todos a conhecem, se encaminhou para o terreno da “Guerra Farroupilha” a partir da Proclamação da República Riograndense em 11 de Setembro de 1836, feito histórico do Coronel Comandante da Primeira Cavalaria do Império Brasileiro de Fronteira, Antônio Fonseca de Souza, conhecido por “Zeca Neto”. O ato da proclamação da República Riograndense, que comemoramos hoje, repercutiu mais tarde no Uruguai com a celebração do Tratado de Canguê, assinado em 21 de agosto de 1838, reconhecendo, oficialmente, o Rio Grande do Sul como país. Agora os dois países neófitos, declaram guerra contra a Argentina e Brasil como inimigos internos e externos de ambas as repúblicas. Ao final, o Tratado do Ponche Verde de 1845, põe fim à guerra, mas não devolve o território gaúcho ao Brasil. Mas aí já é outra história. O fato incontestável é que o Rio Grande do Sul, de acordo com sua bandeira oficial, continua território ocupado pelo Brasil.
Como explicar aos filhos e netos gaúchos, da existência de uma República dentro de outra? Ou seria apenas a “República de Parvadomus”? Não há como confundir o dia 20 de setembro como dia do gaúcho apenas. Reverbera nos feitos históricos um sentimento de unidade entre homem e território.
Aos heróis farroupilhas rendemos nossa homenagem neste início de Semana Farroupilha. Contudo devem estar se removendo no túmulo diante das desonras submetidas. Salvo melhor juízo, se o Rio Grande do Sul peleou e se declarou independente do Brasil, como justificar a presença da bandeira do Brasil nos desfiles de 20 de setembro, bandeira inimiga da guerra farroupilha?. Plagiando o compositor e cantor brasileiro “vida de gado, povo marcado, povo feliz”, o desfile de 20 de setembro, que deveria ser um culto à Pátria se transformou num grande “show business” ao estilo “country. Aliás até a Inglaterra reconheceu a República dos Pampas oficialmente em 23 de março de 1845, através do Tratado de Livre Comércio entre a República Riograndense e o Reino Unido.
Perdoem-me o termo “estupro” porém cabe no contexto atual diante do ato de violência que vem se praticando contra a memória da história gaúcha. A Pátria da República Riograndense, como inscrito na bandeira gaúcha, não se reveste apenas de assinaturas e papéis, mas também de cicatrizes e batalhas em homenagem ao sangue farroupilha derramado em solo da República Riograndense!
Salve Pátria Amada Gaúcha. . E-mail: cos.schneider@gmail.com Blog: www.carlosotavioschneider.blogspot.com
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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