CORDILHEIRA DOS ANDES

CORDILHEIRA DOS ANDES
Complexo Hoteleiro localizado na Cordilheira dos Andes, na estação Valle Nevado em Santiago do Chile - Foto 03.05.2012

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Diapasão do Minuano

Passamos alguns dias em férias no litoral nordestino a beira de muita beleza natural mas também a beira de muitas dúvidas no dia a dia do nordestino, principalmente de pessoas que para lá foram para buscar um ambiente diferente do habitual. Lindas são as paisagens marítimas, ambientais que Deus desenhou e emprestou para aquela região. A natureza exuberante e generosa acolheu em seu seio um povo que ainda não se deu conta da generosidade divina. Infelizmente a sujeira depositada nas areias brancas das praias de Maceió não se limitam apenas a copos plásticos, garrafas “pet”, latas de cerveja, canudinho de plástico e assim por diante. Não é só este o lixo que incomoda, sobretudo, aos turistas quando passeiam pela orla. As areias brancas e Pajuçara e Ponta Verde, duas praias muito badaladas de Maceió, certamente enfrentarão dura e dramática realidade para os próximos dias de carnaval que deverá por em xeque as opções dos turistas pelas praias citadas, principalmente com a aproximação da Copa do Mundo. Nos finais de semana, sobretudo, agora como dito acima, época de carnaval, possivelmente, tanto os naturais da região do Nordeste quanto alguns turistas se utilizam de forma indisplicente dos coqueirais, das areias de beira mar para depositarem a urina nestes locais causando insuportável mau cheiro aos que transitam pela calçada exuberante a beira mar, principalmente pelas manhãs que se iniciam por volta das cinco horas piorando na medida que o calor aumenta. Não é comum encontrar um grande volume de festeiros ancorados nos ambientes de beira mar. Tão pouco o indesejado aglomerado de alto-falantes depositados nas calçadas, como aqui nas praias do litoral gaúcho, com seu produto de detonar os tímpanos em decibéis na grande maioria acima do permitido. Mas as latas de cervejas são trazidas a rodo e consumidas ao longo nos dias de finais de semana. As festas nordestinas, sem dúvida, são animadas. Assim como o gaúcho que não precisa de motivo para preparar um bom churrasco nos finais de semana, o nordestino também só precisa da sanfona, um bumbo e o triangulo para balançar os finais de semana. Conta em prosa e verso o sertão e o sertanejo com exaltação de lampião, da traição, do abandono, etc. Extravasa alegria mesmo desafinado. Aliás, a regra é animar e embalar o povão. A música? Ora, não importa e o que importa e o que basta é ter ritmo animado. O que interessa mesmo não é a mensagem, o conteúdo para o coro de vozes sociais se o que importa é o ritmo. Seja ele forró, hip-hop, axé, funk entre outros. O que importa é que com a animação, com o ritmo, o consumo desenfreado de bebidas empresta paisagem degradante a beira mar com o lixo atirado ao longo da orla. Fugindo um pouco ao tema, há quem diga que o atual modelo do capitalismo patrocina a selvageria. Será? Parece que argumentos não faltam às vozes em defesa da tese empírica. No caso da música, o que importa é dar ritmo a um trio elétrico e no rastro deste as gravadoras emprestam a publicidade necessária como forma de alcançar lucro fácil, imediato independente da qualidade do trabalho melódico. Sujeira a parte, sujam os ouvidos as harmonias desajustadas. Música a parte, urinar nas areias das praias, tem como consequência a dor de cabeça as turistas por conta do cheiro insuportável da urina. O que importa em contraste a este cenário é que o consumidor continue consumindo toneladas e toneladas de latas de cerveja, refrigerantes, e consumidas, jogadas a céu aberto sob o olhar beneplácito do poder público mesmo sob o argumento da limpeza urbana diária. Voltando aos festeiros, nada mais eloquente que plagiar Zé Ramalho em uma de suas canções quando exalta a massa como “vida de gado, povo marcado povo feliz”. A vida dos brasileiros se resume a isto: vida de gado fracassado. Não conhece uma realidade melhor. Aos que ousam crescer, investir no país, contestar os modelos econômicos e tributários correm o risco de todas as tempestades, a partir de critérios capitalistas mal construídas e que certamente continuarão a produzir eco feito “diapasão do minuano” cujos efeitos estão longe de serem conhecidos. E-mail: cos.schneider@gmail.com

Nenhum comentário: